A indústria do
automóvel é uma das mais importantes em todo o mundo e possui um papel
importante no cenário econômico brasileiro, envolvendo direta e indiretamente
diversas empresas de vários segmentos e gerando milhões de empregos em todo o
país.
A história da indústria começa no século XVII quando
já se idealizava os primeiros veículos à vapor. Ao longo das décadas de 1860 e
1870 na Europa aconteceram experiências isoladas que contribuíram para o
aparecimento de algo semelhante ao automóvel atual.
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Em 1902 Ransom Olds constituiu em sua fábrica a linha
de produção em larga escala de automóveis a preços acessíveis. Este conceito
veio a ser a inspiração de Henry Ford e foi amplamente expandido em 1914. Como
resultado, os carros da Ford eram produzidos muito mais rápido do que métodos
anteriores, aumentando em oito vezes a produtividade, utilizando menos recursos
humanos e possibilitando a melhoria das condições do local de trabalho e
salários. Logo, a combinação de altos salários e alta eficiência ficou
conhecida como "fordismo", e foi copiado pela maioria das grandes
indústrias. A linha de montagem tornou-se uma tecnologia essencial para as
empresas do ramo. Em 1930, 250 empresas, que não tinham adotado o método,
tinham desaparecido.
No Brasil, desde a sua implantação, a indústria
automotiva representa um setor muito importante na economia. Em 1956, o então
presidente da República Juscelino Kubitschek formalizou a criação do Geia,
Grupo Executivo da Indústria Automotiva, dando inicio a implantação da
indústria brasileira. A implantação e desenvolvimento do setor automotivo
impulsionaram o Brasil a mudar de patamar econômico. O País deixou de ter sua
economia exclusivamente pautada na agricultura e na produção de commodities
primárias, passando para uma fase de industrialização. Desta forma, ano à ano a
indústria vêm apresentando crescimento exponencial. Nos últimos anos o setor
automotivo foi um dos símbolos do crescimento da economia brasileira.
Especialmente entre 2003 e 2008, venderam-se mais carros no Brasil do que em
toda a década de 90, época em que diversos acordos foram fechados entre o
Brasil e países do Merco Sul, colocando a Argentina como principal consumidor
das exportações brasileiras de automóveis.
Contudo, o setor é diretamente influenciado pelo
ambiente. Mudanças na economia, por exemplo, impactam diretamente as empresas.
Algumas mudanças no cenário forçam as empresas a certas adaptações drásticas,
como demissões, cortes de custos dramáticos e reconsiderações a respeito de
estratégias futuras.
Neste contexto, vale ressaltar que o setor já
enfrentou algumas crises econômicas que foram determinantes para o desaparecimento
de algumas delas e o fortalecimento de outras.
Em 1929, nos EUA a indústria como um
todo vivia o seu primeiro deslumbre. A partir dos anos de 1920, foi visto um
amplo crescimento industrial desordenado. De 1921 a 1929, a revolução tecnológica
faz duplicar a produção, principalmente no setor automobilístico e alguns
outros. O estilo de vida norte-americano, o “American Way of Life” foi
amplamente conhecido de 1924 a 1929, aonde reinou a prosperidade econômica. No
entanto, a crise ocorrida em 1929 resultou de um desequilíbrio entre o baixo
poder aquisitivo dos consumidores (subconsumo) e a ampla produção descontrolada
(superprodução). Isto foi determinante para a crise econômica, pois os produtos
começaram a ficar estagnados no comércio e nas indústrias, com a produção sendo
abalada e diminuída. Assim algumas indústrias começam a demitir seus
funcionários (algo que amplia e agrava a crise) e o poder de compra tende a ser
cada vez menor devido ao desemprego em massa. Iniciou-se então a recessão econômica
e o setor automobilístico sofreu pela primeira vez. A retomada foi a partir da
2ª guerra mundial. Nesta época Ford, GM e Chrysler se aproximaram do governo e
passaram a controlar 94% do mercado americano. Diante disto aproveitaram esta
oportunidade para crescer em escala mundial.
Outra grande crise foi enfrentada em 2008. Em dois
meses, as montadoras no Brasil viram o faturamento cair 15%, quando foram
obrigadas a dar férias a 45.000 funcionários e acumularam 80.000 veículos em
seus pátios e concessionárias. Em pouco tempo as empresas do setor pediam
socorro ao governo brasileiro. Na época o governo federal e do estado de São
Paulo liberaram 8 bilhões de reais para manter aquecido o mercado de
automóveis. Nos EUA, a Ford, a General Motors e a Chrysler registraram nos
últimos meses do ano de 2008 queda de 30% nas vendas, demitiram 5.000
funcionários e suplicaram ao governo um empréstimo de 34 bilhões de dólares
para evitar a falência. No entanto, antes da crise de 2008, a demanda era por
modelos mais econômicos, mas as empresas locais não souberam explorar essa
oportunidade, perdendo espaço para as concorrentes coreanas e japonesas, que,
além de ser mais ágeis, produziam carros com custos até 40% menores. Frente a
crise das empresas americanas e brasileiras, as empresas asiáticas registravam
números impressionantes. A Toyota apresentou um lucro de 12% nos Estados
Unidos, enquanto a GM teve prejuízo de 2%. No Brasil, a Ford e a GM sofriam
mais com a contração do crédito, que foi efeito imediato do desarranjo nas
finanças mundiais, e como cerca de 70% dos carros eram vendidos por meio de
financiamento, as empresas enfrentavam um recuo nas vendas diante da cautela de
liberação de crédito das financeiras.
Após diversas intervenções do governo, como a isenção
de IPI para veículos novos, que impulsionou as vendas, as montadoras
enfrentaram o momento de crise. Entre diversas estratégias após o período
turbulento, as mais famosas foram a fusão da Chrysler com a FIAT, a mudança de
todo o portfólio de produtos da GM incluindo novos modelos e mudanças nas
plataformas de produção, e a Ford foi em busca de uma mudança estratégica com
inovação na linha de produtos. Antes a Ford tinha foco na fabricação de
utilitários esportivos e picapes de alta margem de lucro, contudo a nova
estratégia buscava ter uma "família completa" de veículos nos
principais mercados para concorrer por vendas e receita em segmentos em que a
Ford anteriormente não tinha presença.
Em 2014 o que preocupou o setor foi a crise na
Argentina. O país é o principal destino de exportação de automóveis
brasileiros, responsável por 47% de toda a exportação de veículos, Contudo, o
governo argentino definiu medidas protecionistas que impactou diretamente o
setor. A produção de veículos caiu 20%, forçando novamente as empresas a
buscarem soluções imediatas diante da contingencia atual. As primeiras medidas
foram dar férias coletivas para os empregados e parar linhas de produção, além
de recorrer ao governo que anunciou uma nova queda no IPI.
Mais uma vez as empresas se veem diante de uma
situação de incerteza no mercado, em que novamente deverão ir em busca de
estratégias para minimizar as ameaças do ambiente e transformá-las em
oportunidades de negócio.
Texto de Aryane R Máximo
(Estudo de caso fictício com informações extraídas da internet)
Questões para debate e reflexão (Teoria Contigencial)
1. Com base na teoria contingencial, as três
principais empresas citadas, a Ford, a General Motors e a Chrysler podem ser
consideradas organizações mecanísticas ou orgânicas?
2. Com base no texto e na teoria contingencial faça
uma análise a partir da teoria contingencial das empresas do setor
automobilístico e o ambiente em que estão inseridas.
3. As estratégias adotadas pelas empresas nos períodos
de crise e pós-crise podem ser consideradas como estratégias ancoradas na
teoria contingencial?
4. Diante do exposto com a crise na Argentina
recomende uma ação às empresas que possa transformar as ameaças em
oportunidades